Giro pela Itália – Cidades Toscanas

Belíssima vista do mirante de San Gimignano
(Todas as imagens foram cedidas por Pedro, a não ser quando indicado o contrário.)



O blog Cadeira Voadora conta com mais um colaborador: Pedro Muriel Bertolini. Este é seu primeiro post, que inicia a série Giro pela Itália. Serão 4 textos: Cidades Toscanas, Florença, Veneza e Roma.

Eu sei que você está morrendo de curiosidade, como eu fiquei, quando ele voltou da Itália. Estava louca para ouvir os relatos. Aqui está o início desta aventura. Obrigada, Pedro, por compartilhá-la conosco!



Cidades Toscanas
Por Pedro Muriel Bertolini*

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a Laura pelo convite de dar o meu depoimento sobre a Itália, um país onde nasceram os meus bisavós; escuto histórias da família desde que me entendo por gente.


A paixão pela Itália sempre existiu, mas estava adormecida; por achar que a acessibilidade era precária, dei prioridade a outros países. Mas ano passado estudei durante 6 meses com Chiara e Giulia, duas italianas quase mineiras; ficamos muito amigos e prometi a elas que iria visitá-las na Itália.

Almoçando com a turma em San Gimignano.
Pedro está no fundo, ao centro.
Com isso, eu, minha mãe e meu irmão começamos a planejar a viagem. Compramos as passagens, reservamos os hotéis, alugamos o carro, fizemos o roteiro, e pé na tábua! Essas aventuras na velha bota serão contadas em 4 posts, separados por região, sendo um post somente para Florença, principal cidade da Toscana.

Neste primeiro texto, falarei da Toscana, região conhecida pelos vinhos maravilhosos, pelas obras renascentistas e pelas belas paisagens.

Pegamos o carro em Roma e partimos para Florença, cidade que escolhemos como base, pois fica no centro da Itália, o que facilita conhecer a Toscana e fazer um bate-volta em outras regiões. Definitivamente, andar de carro em Florença é desnecessário, pois é difícil achar lugar para estacionar e o transporte público é sensacional. O ônibus é rebaixado e tem uma rampinha ótima. O melhor transporte público que vi na Europa, de longe.


Assim que chegamos, fomos jantar com a Chiara, que veio de Milão para passar o fim de semana viajando com a gente. Giulia e os pais chegariam de Milão no dia seguinte. O jantar foi ótimo, e já pude experimentar um pouquinho do melhor sorvete do mundo, o famoso gelato italiano. Depois que você prová-lo, vai pensar que passou a vida inteira comendo gelo.

Elevador que dá acesso ao centro
histórico em San Gimignano
No dia seguinte, Giulia e os pais chegaram. Partimos para a primeira cidade a ser visitada, San Gimignano, uma verdadeira joia toscana. Fiquei morrendo de medo, pois cidades medievais não costumam ter muita acessibilidade, mas San Gimignano não é uma cidade qualquer; é diferente, tem elevador para o centro histórico, restaurantes e lojas acessíveis e calçamento fácil para circular com cadeira de rodas.

Os pais da Giulia, Angela e Giussepe, que eu já havia conhecido na visita que fizeram a Belo Horizonte, nos levaram a um restaurante maravilhoso, que fica no centro da cidade, uma coisa de doido. Comida, ambiente e atendimento impecáveis. Eles pagaram a conta e mostraram tudo para a gente. Fico até emocionado, pois a princípio viria só a Giulia, pois Milão fica longe de Florença. Quando souberam que que era eu que estava lá, os pais decidiram vir também.

A cidade é linda, cheia de torres, construções medievais e lojinhas. No mirante, é possível ter uma das vistas mais lindas da Toscana, indescritível! O fim de tarde foi chegando e tomamos um gelato para nos despedir da cidade e dos pais da Giulia, que teriam que voltar para Milão. Giulia e Chiara ficaram conosco.

Partimos para Siena, outra cidade imperdível na Toscana. É linda, cheia de vielas, igrejas e restaurantes no estilo medieval – uma obra de arte. A acessibilidade é boa, e até em uma padaria pequena encontrei banheiro adaptado. A cidade tem uma das praças centrais mais lindas da Europa, onde acontece, duas vezes ao ano, o Palio, corrida típica de cavalos. Por fim, após contemplar a grandiosidade da praça, fomos ao Duomo de Siena, uma igreja de fazer você ficar sem palavras, cheia de detalhes, uma preciosidade.

Chiara, Giulia, Pedro e Paulinho em Siena,
observando uma mobilete italiana

O charme de San Gimignano

Viela em San Gimignano


Com o cair da noite, exaustos, voltamos para Florença, mas, com as estradas tapetes italianas, o trajeto passa voando. Lá o negócio é colocar 130km/h no carro e ser feliz. As estradas são ótimas e você corre com segurança, não sente que está a em alta velocidade.


Torre inclinada de Pisa

No dia seguinte, partimos para a dobradinha Pisa/Lucca, outras joias da Toscana. Pisa é uma cidade legal, mas é basicamente o local onde você encontra a Torre de Pisa e os monumentos em volta. Em 2 horas, se você não tiver pressa nenhuma, vê tudo e ainda sobra tempo para mais um gelato. Sim, a torre de Pisa é absurdamente inclinada, você fica se perguntando como aquilo fica de pé. Vá com tranquilidade, lá não há problema de acessibilidade.


Em seguida, depois de passar a manhã nessa cidade, partimos para Lucca, que é muito charmosa, com vielas para todos os lados. Encontramos com outros italianos, amigo das meninas. Andamos bastante e almoçamos uma lasanha sensacional. A cidade tem o piso de pedra lisa, o que talvez seja ruim para alguns cadeirantes. Eu achei bem tranquilo de andar.

Voltamos para Florença e tivemos que nos despedir das meninas. Depois de um fim de semana maravilhoso, elas teriam que voltar para Milão, pois não estavam de férias. Foi um momento meio triste, mas tenho certeza de que, assim como quando nos despedimos em Belo Horizonte, não foi um adeus, mas um até logo.


Por fim, partimos para Monteriggioni, uma das cidades mais impactantes da viagem, citada na Divina Comédia, clássico de Dante Alighieri. Foi um forte medieval, usado por Siena para lutar contra Florença. É toda murada e tem o tamanho de um quarteirão grande. Em 15 minutos você percorre toda a área; é um lugar sem igual, uma das maiores surpresas da região, e é acessível. O maravilhoso restaurante central tem 2 degraus, mas o pessoal é muito solicito, vale o esforço.


Siena

Igreja na praça central de Siena

Viela de Lucca

É essencial alugar um carro para percorrer a Toscana, pois te dá tranquilidade e abre espaço para desbravar cidades que não estavam no roteiro. Em breve, postaremos o próximo post do giro pela Itália, onde falaremos de Florença, príncipal cidade toscana, que merece um post só para ela. Arrivederci!



*Pedro Muriel Bertolini 
é cadeirante, tem 26 anos, 
é formado em Relações Internacionais 
e apaixonado por viagens e livros.
Para saber mais sobre ele,
clique aqui.


Comentários

  1. Muito legal. Vamos lá. Na estrada com o arguto Pedrão.

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  2. Querido Pedro,
    Como sempre, é você que nos proporciona conhecer coisas novas, diferentes, encantadoras. Ler seu relato, foi ainda melhor que ouvi-lo. Aguardo ansiosa os próximos relatos. Grande abraço.
    Bia

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  3. Tia Bia, muito obrigado pelo carinho! Beijos
    Pedro Muriel Bertolini

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  4. Adoro pessoas que como meu filho, vivem a vida de maneira plena, mesmo que com mobilidade reduzida.Parabéns e continue viajando Pedro!!!

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  5. eu tenho uma mobilete italiana..rs tá precisando de reforma mais tenho..rs

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  6. Ola!! Estou montando meu roteiro para a Itália...e meu pai é cadeirante. Vamos para a Toscana e queria dicas.
    Aluguei um carro e como vcs fizeram nas LTZ? e qual hotel ficaram em Florença? E o estacionamento em San Giminiano...próximo ao elevador....

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    Respostas
    1. Olá, Aline, tudo bem?

      O Pedro, que escreveu este post, pede para que encaminhe um e-mail a ele, que terá satisfação em responder às suas perguntas. pedromuriel@hotmail.com

      No mais, tenham uma boa viagem!

      Abraço,
      Laura Martins
      Editora do blog

      www.cadeiravoadora.com.br

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