Fora de casa




Viajar é expandir limites


Eu sei que vocês não sabiam disto, mas eu amo viajar! E não somente porque quero conhecer lugares bacanas, mas principalmente porque me entusiasma entrar em contato com pessoas de outras culturas, que veem o mundo de forma diferente. 

Isso expande meu universo, permite que eu conheça e trabalhe meus preconceitos, confere sentido a situações que antes me eram indiferentes, me sensibiliza para enxergar coisas que me passavam despercebidas. Viajar me faz uma pessoa mais rica interiormente, testa meus limites, alarga minha forma de perceber a vida. Se eu pudesse, passaria o ano na estrada…


Tirei esta foto deitada em um banco no parque do Castelo de Chonnonceau...
Em viagens, percebemos coisas que usualmente escapam ao nossos olhos.


Então, aprecio passear pelos locais que os nativos frequentam – e não somente por aqueles preferidos pelos turistas. Gosto de conversar com as pessoas, experimentar a culinária local, as bebidas típicas, conhecer o artesanato, a cultura, a música. 

Aprendo, antes de sair de casa, pelo menos um pouquinho do modo como as pessoas do meu destino se expressam, como se cumprimentam, como se despedem, se são mais objetivas ou mais prolixas e por aí vai. Nunca consegui compreender as pessoas que chegam a outros países e insistem em procurar restaurantes que servem pratos conhecidos. Se forem mineiros, então, é um deus-nos-acuda, porque querem pão de queijo e arroz com feijão, que são coisas deliciosas, mas por que eu vou querer comer em Paris o que como aqui, em Belo Horizonte?


Para "sentir" a cidade, nada melhor que passear pelas feirinhas...
Esta também tinha frutas e embutidos, por exemplo. Annecy, França, 2008.



Por tudo isso, reproduzo neste espaço um ótimo texto da revista de bordo da TAM (Red Report) que li na ida para Buenos Aires. Veio como uma luva para as reflexões que costumo fazer. Não dava pra deixar de compartilhá-lo com a galera que segue este blog! Desfrute.

Abração, Laura.


Fora de casa



A maioria das pessoas prefere se sentir em casa. É mais confortável estar ao lado de quem já conhecemos, de quem gostamos, fazer o que estamos acostumados a fazer. Sempre será mais fácil ir para lugares que inspirem confiança e segurança.

Imagem do Google
Uma viagem assim pode ser muito agradável. Mas, se fizermos uma seleção das viagens que mais ficaram na lembrança, é bem provável que apareçam no topo da lista as cidades e as regiões que nos transportaram para um “outro lugar”, aqueles pedaços do mundo que nos apresentaram o inexplorado. Quase sempre precisamos sair da zona de conforto para crescer, assimilar o novo e abrir um mundo de possibilidades.

É por isso que muita gente escolhe o desconhecido, como você pode ler em relatos aqui na red Report. Alguns se aventuram em escaladas nos lugares mais inóspitos do planeta. Outros preferem se lançar em corridas inusitadas. E há quem, por exemplo, se arrisca em uma dança estrangeira, de braços abertos para uma cultura recém-descoberta. Isso é não estar preso a um só lugar e entender que o mais importante são as pessoas.

Os mais bem-sucedidos nessas andanças sabem que o sucesso da descoberta depende do equilíbrio, do estar em paz consigo mesmo na rotina diária. De nada adianta viver atrás de descobertas quando não estamos bem onde vivemos. Isso não é buscar conhecimento, é fugir.

Entrar em contato com novas situações é uma atitude poderosa, porque nos ajuda a adquirir conhecimento, a riqueza mais portátil que existe. Uma viagem que faz crescer o saber sobre o mundo e sobre nós mesmos é aquela que nos leva para fora de casa sem que precisemos esquecer de onde viemos.

Líbano Miranda Barroso
Presidente da TAM



Um mundo inteiro está por descobrir, muito além de sua janela!


Um comentário final: quem anda de cadeira de rodas, particularmente quando não nasceu com uma deficiência de locomoção, sabe que até um shopping pode se converter em um país estrangeiro. Isso porque a cadeira nos mostra um mundo diferente, já que estamos assentados e deparamos com limites e formas de perceber que são desconhecidos dos demais mortais. 

Além disso, querendo admitir ou não, as pessoas nos tratam de forma diferente quando estamos cadeirantes… Dessa forma, em minha opinião as viagens são ainda mais ricas e cheias de aventura para quem tem uma deficiência! É praticamente impossível viver uma experiência “normal” numa cadeira de rodas… E isso não é ruim, tenha certeza!


Comentários

  1. Ana Paula Batista28/07/2011, 10:19

    Querida Laura, os seus depoimentos de viagens sao emocionantes e incentivadores e com certeza nos conduziu a sonhar e criar coragem para levantar voo. Minha filha tem 17 anos, cadeirante, e realizamos uma viagem para Buenos Aires, pela Tam. Tivemos uma surpresa no desembarque, a cadeira chegou quebrada, torta. Como voce faz em suas viagens. Adoraria entrar em contato com voce. Beijos e obrigada pelos sonhos e incentivos.Ana Paula

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  2. Oi, Ana Paula! Que bom falar com você e saber que ambas se sentiram incentivadas a viajar a partir do blog.

    Mas fiquei chateada por saber o que ocorreu com a cadeira de rodas... Foi na ida para Buenos Aires ou no retorno? Se foi na ida, como foi que se viraram?

    Isso nunca ocorreu comigo, mas tenho visto inúmeros cadeirantes se queixando de que tiveram a cadeira de rodas danificada pela companhia aérea. Isso é lamentável, e mais lamentável ainda é verificar o descaso das empresas diante do ocorrido.

    Você registrou queixa ao desembarcar? O ideal é fazer isso imediatamente. E, caso a companhia não a indenize de forma justa, você também poderá entrar na justiça. Para isso, é importante guardar os bilhetes de embarque.

    Em uma busca na internet, vi algumas notícias sobre o assunto. Confira:

    TAM é condenada a indenizar cadeirante:
    http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2162263/tam-e-condenada-a-indenizar-cadeirante

    Tetraplégico ganha ação contra Gol por cadeira de rodas danificada em viagem:
    http://www.centraljuridica.com/materia/2733/dano_moral/materias/s/6/dano_moral/dano_moral.html

    Como um extravio de bagagem acabou prejudicando minha mobilidade:
    http://turismoadaptado.wordpress.com/2011/03/23/como-um-extravio-de-bagagem-acabou-prejudicando-minha-mobilidade/

    Uma coisa é certa: temos de reclamar todas as vezes que algo assim acontecer e, caso necessário, recorrer à justiça. Quem sabe assim as companhias aéreas aprendem a tratar seus clientes, cadeirantes ou não, com respeito e dignidade?

    Entre em contato comigo pelo e-mail acordodepaz@gmail.com e me conte melhor o que aconteceu... E espero que a viagem tenha sido boa mesmo assim!

    Foi ótimo falar com vc.

    Beijos em vc e sua filha!

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  3. Ana Paula Batista29/07/2011, 10:41

    Laura, adorei sua resposta e atençao. A cadeira chegou quebrada quando desembarcamos em Buenos Aires. O que nos salvou foi um jogo de ferramentas que precisei praticamente impor que as mesmas deveriam permanecer comigo. Meu marido deu um jeito, e fizemos o que pudemos para aproveitar o passeio, pois nao tivemos ajuda de ninguem. Gostaria de levantar esta bandeira, cadeira de rodas nao é bagagem.O que acha. Entrarei em contato com voce pelo seu email,mas deixei aqui minha resposta para que outros possam saber o transtorno que tivemos. O que nos salvou tambem foi ter ficado com a almofada,pois acredito que ate isso eles teriam perdido ou furado. Beijos Ana Paula e Mariana

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  4. Ana Paula, eu também sempre fico com a almofada. Não me separo dela por nada!

    E gostei da bandeira. De fato, cadeira de rodas não é bagagem. Ela é uma extensão do nosso corpo. Tinha de ser transportada dentro da aeronave, como as muletas, por exemplo.

    Beijão para vc e Mariana! Vamos em frente, jamais desistindo das viagens por causa desses (graves) incidentes. Mas, como diz o Jairo Marques em seu blog, somos teimosos. Graças a Deus!

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